Lidar com frustrações é um desafio natural da vida — e, para as crianças, isso pode ser ainda mais difícil.
Um brinquedo que quebrou, uma brincadeira que não deu certo, um “não” dos pais ou uma dificuldade na escola: essas situações podem gerar reações intensas, como choro, raiva ou isolamento. Mas a boa notícia é que os adultos têm um papel essencial em ajudar as crianças a desenvolverem estratégias saudáveis para enfrentar esses momentos.
Neste artigo, com base em orientações de profissionais da educação e psicologia, você vai entender por que é importante ensinar as crianças a lidar com frustrações e como fazer isso de maneira eficaz.
Por que é importante ensinar as crianças a lidarem com frustrações?
Segundo a psicóloga infantil Ana Paula Yazbek, a frustração é parte essencial do processo de amadurecimento. Ela explica que “a criança que aprende a lidar com limites e decepções desenvolve habilidades emocionais fundamentais, como a resiliência, a tolerância à espera e a capacidade de resolver problemas”.
O educador e pedagogo espanhol Francesco Tonucci também destaca que proteger excessivamente as crianças de qualquer frustração pode impedi-las de desenvolver autonomia. “Errar, cair e tentar de novo faz parte do processo de aprendizagem. Se evitamos que a criança se frustre, também evitamos que ela aprenda a se levantar”, afirma.
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O que acontece quando a criança não aprende a lidar com a frustração?
Quando a criança não é exposta, de forma gradual e segura, a situações frustrantes, ela pode desenvolver comportamentos impulsivos, baixa tolerância à espera e até dificuldades de socialização. Isso pode afetar diretamente o desempenho escolar e as relações com amigos e familiares.
A psicopedagoga Silvia Malamud alerta: “crianças que não sabem lidar com o ‘não’ ou com erros tendem a evitar desafios, têm medo de tentar e desistência precoce diante de obstáculos. Isso interfere diretamente na autoestima e na capacidade de persistência.”
Como os adultos podem ajudar?
A boa notícia é que os adultos — pais, professores, cuidadores — podem (e devem) ser guias nesse processo. A seguir, veja algumas estratégias recomendadas por especialistas:
1. Valide os sentimentos da criança
Em vez de minimizar a dor ou dizer “não é nada”, reconheça o que ela está sentindo. Frases como “eu entendo que você está chateado porque queria brincar mais” ajudam a criança a nomear e aceitar as próprias emoções.
2. Dê o exemplo
As crianças aprendem observando. Quando um adulto lida com contratempos com calma e pensamento positivo, a criança percebe que é possível enfrentar frustrações de maneira saudável.
3. Crie oportunidades de aprendizado
Permita que a criança enfrente pequenos desafios no dia a dia — como montar um quebra-cabeça difícil, esperar a vez em uma fila ou aceitar uma derrota em um jogo. Essas experiências são oportunidades valiosas para desenvolver a resiliência e aceitar momentos adversos.
4. Ensine estratégias para lidar com o sentimento
Respirar fundo, contar até dez, pedir ajuda, se afastar por um momento... Ensinar esses recursos para a criança usar nos momentos de frustração é uma forma prática e eficiente de ajudar.
5. Evite resolver tudo por ela
É natural querer proteger, mas resolver todos os problemas da criança impede que ela desenvolva sua autonomia. Ao invés disso, ajude-a a pensar em soluções: “o que você pode fazer agora?”, “como podemos consertar isso juntos?”
Um processo contínuo e cheio de afeto
Ajudar as crianças a lidarem com frustrações não é sobre evitar o sofrimento, mas sim sobre prepará-las para enfrentá-lo de forma equilibrada. Isso exige paciência, escuta ativa e, principalmente, afeto.
Como lembra a educadora e escritora Tania Zagury: “Educar não é proteger das frustrações, e sim ensinar a superá-las com segurança emocional.”
Ao criar um ambiente em que a criança se sinta segura para errar, expressar seus sentimentos e tentar novamente, você estará contribuindo para a formação de um adulto mais forte, equilibrado e confiante!